quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Festa de Sagarana Edição 2008: Sagarana vista pelos olhos de um morador

*Virgílio Martins

Lá pras bandas do Urucuia bem no “oco” do grande sertão, encravada nos pés de serra, onde as vistas não mais alcançam, está um pequeno vilarejo, uma “roça”, ainda que se diga cidade e uma cidade a caminho da “roça”. Esta Sagarana da reserva biológica, guardadora de relíquias dos bons tempos da fartura – cidras, bálsamos, pau-ferro, jatobás e umburanas – que ainda hoje podemos admirar.

Esta Sagarana, do ribeirão Boi Preto, água boa e cristalina, um presente da chapada. Castigada lá do campo, lá da casa do Silvério e da Geni, lá da casa do Sô Zé e Dona Arcanja e de muitos outros lugares. O Boi Preto nos empresta a sua imagem, lá no paredão de mata virgem, da serra da reserva a água da chapada se muda para o vão desenhando a nossa cachoeira do Boi Preto, que beleza.

É domingo de badaladas missas na igrejinha, Padre Mauro tá chegando e a fé também redunda na catedral.

Sagarana que dorme cedo e acorda na madrugada. É primavera em Sagarana, cantam muitos sabiás, e olhe lá a cabeça retinta dos Cardeais, de se admirar, e o rabo da Alma de Gato, sem falar nos tucanos comendo broto de embaúba e as araras nos pequizeiros, isto tudo em coexistência com as meninas que ficam a brincar e a tecer. Vitória, Maura, Valdirene e muitas outras têm como líder Dona Gercina, e na lembrança sempre estará a nossa Abigail.

Sagarana tem quitanda, pão-de-queijo, peta, bolachinha, rosca de trança, broa de milho e bolo de fubá. E o “Mané Pelado”? Delicia. Quase todos fazem. D. Arcanja, Isidória, D. Lia biscoiteiras por tradição; isso sem falar nos doces: pé de moleque, doce de leite, pau de mamão e buriti, hummmmm.

A escola lá está. Terezinha diretora, Eliane como vice, professores animados, Marcos Paulo, Miriam, Aparecida, M. Luiz, Nilda e todos os outros.

Temos também o IEF, parceirão de caminhada. Valeu Humberto Luiz Cardoso, Afonso, Fernando e Lassi. Vamos começar? Temos muito que fazer: oficina de marcenaria, serigrafia e papel, horta comunitária. Quanta coisa gerando trabalho em busca de renda, obrigado, deputado.

Ainda temos canto do sertão a Vale do Rio Urucuia implantando seus projetos com mudança de modelo. Chega de dó; é hora de dar; assim seremos sustentáveis. Valeu Vale!

Sabem com quem caminham os meninos e meninas da Vale? Só com os parceiros certos, FBB, Sebrai, MI, Emater, e outros. É o que precisamos para crê. Já dizia o Pinzón, do Movimento Sacode, é melhor crê para se ver.

Um abraço, Sagarana, bom lugar para se viver, estamos em aliança por vocês. E o lugar deve ser limpo progresso do homem inteligente.

Guimarães – Folias - Catira – Folclore – Resgate Afrodescendente.

*Virgílio Martins é membro da entidade Alavanca Sagarana, educador e professor de marcenaria

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